Editora: Novo Século
Páginas: 352
Classificação: 3/5 estrelas
Eu tenho por costume fugir de livros envolvendo bondage, dominação e sadomasoquismo, algo mais comumente conhecido como BDSM. Simplesmente não é minha praia e 90% das vezes que leio algo do gênero passo raiva e o prazer da leitura passa longe.
Porém, isso muda quando o assunto é Maya Banks, uma autora que acompanho há tempos, e quando surgiu a oportunidade de ler sua série Sweet não pensei duas vezes, me joguei na história — apesar de saber que a trama envolvia BDSM.
Nessa série, onde cada livro gira em torno de um casal de protagonistas diferentes, somos inicialmente apresentados a uma empresa de investigadores particulares e como suas vidas são complicadas não só no trabalho. Em Doce Entrega conhecemos o primeiro casal, Faith e Gray.
Gray é um policial que está de licença após o assassinato de seu parceiro e é instigado a investigar por seus próprios meios o caso, o que leva-o diretamente à Faith, e enquanto ele busca nela uma chance de justiça, Faith vê nele o homem perfeito para tornar todas as suas fantasias realidade.
E essa é a introdução de uma história toda caliente, repleta de sexo, humor e suspense, uma agradável surpresa. Mas se já sou fã de Maya Banks, por quê toda essa surpresa? Bem, eu posso até ser fã de Maya Banks, mas detesto seus livros com erotismo mais pesado, até hoje não consegui finalizar toda sua série Breathless (e nem pretendo), então não esperava muito de Doce Entrega, mas dessa vez tudo aconteceu de forma contrária.
Meu bem, não chore. Conte o que está errado para eu poder resolver.
Grande parte da trama é divertida, a risada rola solta, o que deixa tudo mais leve, e ainda há a dose correta de erotismo para que tudo ocorresse de forma natural. Melhor, em grande parte do enredo você percebe que a autora quer dar maior destaque as amizades, laços que vão além do sangue entre pessoas que fazem tudo umas pelas outras (tudo mesmo, sério!), o que só adicionou mais pontos positivos e deixou de centralizar tanto no romance.
Aliás, sobre o romance, apesar da ressalvas em algo Maya acertou ao escolher que ele aconteceria em seu próprio tempo, e não em um estalar de dedos como frequentemente encontramos. Faith é uma garota que está se descobrindo, ela sente que precisa de algo diferente na cama e está disposta a pesquisar sobre isso e tentar dar vida ao que começou com uma simples curiosidade, e isso foi o máximo porque enquanto a personagem aceitava seus anseios eu, como leitora, aceitava e sentia que tudo o que ocorria era possível de acontecer com qualquer pessoa.
Mas como nem tudo é perfeito, o romance e o suspense não “desceram” em sua conclusão. O enrendo foi desenvolvido tão bem, instigante a cada página, mas em sua terceira e última parte Doce Entrega deixa a desejar, é como se a autora precisasse terminar tudo em vinte ou trinta páginas e decidisse correr com a trama para que isso se tornasse realidade, o que é uma pena.
E entre trancos e barracos, conclui a leitura decepcionada mas feliz pela escolha. KGI e os maravilhosos romances de época de Maya Banks continuam sendo meus livros favoritos da autora, porém encontrar uma personagem como Faith nunca é algo dispensável. Não só uma mulher que quer ser feliz no sexo e amor, ela também questiona o leitor sobre como muitas vezes escolhemos nos adaptar para o que a vida oferece em vez de correr atrás para que sua vida seja plena em todos os pontos.
Você sabe o que quer, e não se contenta com menos que isso. E não tem medo de errar enquanto procura.
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