[REVIEW] “Between the Devil and the Deep Blue Sea” – April Genevieve Tucholke

A primeira vez que eu vi a capa desse livro, antes mesmo de realmente ler o título dele, eu pensei… preciso dele. Aí eu li o título, um sorriso surgiu no meu rosto, porque eu adoro coisas meio trash, irônicas, perigosas, dark e noir. Comecei a ler, e antes de terminar o primeiro capítulo, eu cheguei a uma conclusão. A escrita é extraordinariamente boa, original, desafiadora, intensa, cega e instigante. Eu sentia como se a autora me desafiasse a continuar a ler o livro, a descobrir o que aconteceria nas outras páginas, a conhecer mais sobre tudo que ela coloca ali. Ela me desafiou a vencer o tédio que senti em algumas páginas, a sensação que tinha de que tudo ia rápido demais e de que faltava algo. April, a autora, é diabolicamente boa.

“Você para de temer o diabo quando você está segurando a sua mão.” Freddie falava isto para mim quando eu era pequena.

Violet tem um irmão gêmeo, com quem ela tem uma relação de amor e ódio. Sua família é composta de pais que abandonaram ela e o irmão para viajarem à Europa para pintar, excêntricos artistas. Uma avó que morreu há 5 anos, que era seu porto seguro. Seu irmão gêmeo é Luke, sua avó Freddie. E ah, a Freddie seeeempre falou para Vi tomar cuidado com o Diabo. Vi cresce nessa bagunça, sua família que era rica, fica sem grana e ela precisa alugar a casa de hospedes para alguém. O locatário  acaba por ser River West. Um mentiroso. Um mentiroso por quem a Vi cai, ou ela acha que cai. Com a chegada de River tudo muda, a vida dela muda, a cidade muda. O diabo aparece na cidade e as crianças fazem plantão no cemitério para matar eles, cada uma carregando sua estaca e preparada para se defender.

“Existem verdades e verdades, Violet. E algumas dessas verdades não devem ser ditas em voz alta, ou o Diabo irá escutar, e então ele virá por você. Amém.”

A cidade da Vi, Echo, passa por diversas coisas loucas desde a chegada de River. Ele é um mentiroso, cheio de segredos, amaldiçoado, e que por vezes parece o Diabo. As coisas parecem acontecer rápidas demais com River, mal ele chega, a Vi já está dormindo, só dormindo com ele. E mais coisas estranhas vão acontecendo e acontecendo, segredos sendo revelados e descobertos, o bêbado da cidade se matando no meio da praça, o irmão que não existia de River aparecendo, mais alguns segredos aparecendo e mentiras caindo. Pessoas morrendo, outras enlouquecendo e antes de tudo melhorar, acredite… piora e muito para Vi e para sua cidade.

“E a mão dele estava toda sobre a minha agora, seus dedos entrelaçados com os meus e fazendo com que eu me sentisse de preto e branco para technicolor.”

A citação acima é engraçada, porque enquanto eu lia, antes desta citação, na minha mente eu criava tudo em preto e branco. Era como se eu estivesse vendo um filme antigo, algo épico em sua sutileza, mistério e suspense. Nos momentos em que estava lendo, eu não era a Mads, eu era a Vi.

A escrita da April é tão incrível, que mesmo quando eu achava tudo super estranho, eu não desistia de ler como fiz com muitos livros. Tudo faz sentido no final, todas as linhas se cruzam e fecham qualquer vazio que possa existir. E acredite, quando eu terminei o livro eu estava de queixo caído. Não é um livro bonitinho, fofinho, com monstros que brilham na luz do sol e são banhados em açúcar. Não, esse livro é agridoce, com um aroma delicioso de café e super bem recheado como uma boa trufa. Você quer se surpreender com um diabo de livro, vá ler esse.

“As pessoas falam que o tempo é relativo, e eu acredito que isto explique o motivo pelo qual minha vida antes do River parecia uma mão cheia de segundos – breves flashes de pequenos eventos que adicionavam um pouco ao pouco. Mas minha vida depois do River é uma saga em triologia. Épica.”