Editora: Seguinte
Páginas: 328
Classificação: 4/5 estrelas
Assim como muitos leitores, sou um grande fã de distopias e livros onde a trama envolve um cenário pós-apocalíptico. Entrando nessa onda, a Seguinte publicou no Brasil Mundo Novo. Inicialmente pensei que seria, provavelmente, só mais um entre os vários outros livros do gênero já publicados, mas a sinopse me deu a sensação de que haveria algum diferencial e o autor estava disposto a prover algo inovador. Eu não poderia estar mais certo.
No livro, a Doença dizimou toda a população adulta do planeta. Dois anos após a Doença, os jovens de Nova Iorque tem vivido em grupos — ou você também pode chamar de tribos, máfia –, mas sobreviver não tem sido fácil. O irmão de Jeff morreu, ou seja, ele terá que tomar seu posto: líder da tribo Washington Square. E em meio ao caos, um dos integrantes da tribo de Jeff acha uma possível pista que levará até a cura, mas para isso eles terão que partir em uma viagem arriscada a territórios perigosos. Quando Jeff resolve partir em busca dessa pista, Donna — que havia prometido proteger Jeff — resolve ir junto. Enquanto os três e mais alguns membros da Washington Square partem nessa viagem incerta, Jeff só que achar uma maneira de declarar seu amor por Donna antes que a Doença comece a apresentar seus sintomas nele.
Sei que transformei a Doença em uma pessoa porque é muito difícil compreender a ideia de algo tão minúsculo quanto um micróbio nos derrotando.
Seremos apresentados a história por capítulos narrados alternativamente entre os protagonistas, Donna e Jeff. Jeff de um dia para o outro tem que assumir responsabilidades que antes não cabiam a ele, e por mais que o “fim do mundo” tenha feito com que cada um virasse um idiota, Jeff não é assim. Ele não se tornou um viciado em sexo ou um mercenário sanguinário. Ele é um garoto tímido, responsável e bastante acolhedor. Já Donna é simplesmente foda! Ela é esperta, tem uma boca suja e fala o que pensa, sempre está pronta para atirar e matar alguns filhos da puta ou até mesmo dar algum conforto para aqueles que já estão apresentando sintomas da Doença. Mas o mais importante: os dois, de uma maneira nada convencional, se completam.
Sem pontas soltas, o autor deixa totalmente claro porque a Doença ataca somente adultos, deixando crianças e adolescentes ilesos, se há realmente um Velho e o por quê dele ter sobrevivido, quais as chances de ele ter a cura para essa doença, quem é o Povo Toupeira, como e onde começou a Doença, enfim, ele não deixa o leitor na mão. E de uma maneira bastante astuta, Chris Weitz nos introduz aos poucos neste mundo pós-apocalíptico, mas não revela tudo de uma vez e nem se prolonga em grandes explicações sobre o que aconteceu no passado, pelo contrário, o autor se atêm ao presente ao conduzir os personagens de tal forma que o leitor monte pouco a pouco o quebra-cabeça e saiba o que de fato aconteceu e no que o mundo se tornou.
Assim que conseguem um pouco de estabilidade, as pessoas já começam a copiar as coisas como eram. […] É patético. É tudo igual. Os fortes pisando nos fracos.
E é ação a cada página! Tiros, facadas, apunhalá-das, lutas, fugas, mortes. Não há um momento sequer em que a leitura se torne monótona ou devagar demais, pelo contrário, a cada novo capítulo somos apresentados à mais dificuldades e problemas, que geralmente são resolvidos e revidados com violência. Tentando impressionar o leitor, talvez o maior diferencial das demais distopias é a falta de um governo totalitário. Neste livro, os perigos e ameaças vem daquilo que jamais imaginamos. Se ele queria impressionar, pode acreditar, ele conseguiu.
Sabem aquela história de “fui ver quantas páginas tinha o livro e li o final”? Bem, aconteceu isso comigo. Então, por favor, não façam isso, a última frase revela muito sobre o final da trama mas ainda assim não tudo. Achei que talvez o impacto fosse ser bem menor já que sabia o que ia acontecer, como iria acabar, mas mesmo assim o autor conseguiu me mostrar o quão bom ele é. Mesmo lendo a última frase, definitivamente eu não esperava um final daqueles. Agora me resta esperar a boa vontade do autor de lançar a continuação e torcer que a Seguinte faça um lançamento simultâneo.
quando sai a continuação? eu amei o livro!
Sim, é imensamente foda! Fiquei em choque no final tanto quanto você, e não tive o azar de ver a ultima pagina AUHSUAHSUSH. Ótima resenha, passou bem a mensagem e nem dá pra desconfiar do que vai acontecer. Porém tem um errinho. Não há crianças. Donna vive lembrando do irmãozinho, Charles, que morreu com a Doença, alem de que ninguém consegue engravidar, logo, a raça humana sofre risco de extinção!