Editora: Suma de Letras
Páginas: 432
Classificação: 3.5/5 estrelas
Mais um livro da Megan Maxwell foi publicado no Brasil, e assim como os outros, há uma mistura de novela mexicana, muito drama e homens calientes. A diferença? Em Pela Lente Do Amor o “amor à primeira vista” está longe de acontecer.
Nesse livro, conhecemos Ana Elizabeth, uma garota que troca os luxos de sua família rica para viver seu sonho de ser fotógrafa em Madri, e o mulherengo Rodrigo, que como bombeiro não só apaga o fogo de muita casa como também de várias mulheres (tá, não resisti ao trocadilho tosco).
E quando se encontram, apesar de não rolar um amor à primeira vista, nasce uma inusitada amizade entre eles, mas isso é pouco para Ana, ela sente que eles podem ser mais, porém Rodrigo não sente nada de especial e prefere ficar de galho em galho. E enquanto o leitor torce (eu pelo menos torci!) para que ele caia de um galho e quebre a cara, nessa queda ele também aprenderá que certas vezes é preciso perder para dar valor.
Bom, antes de mais nada um aviso: NÃO LEIA A SINOPSE DESSE LIVRO! Comecei a leitura bem as cegas e fui surpreendida nos primeiros capítulos, quando a autora pegou um caminho que dificilmente encontro em romances, e perder esse sentimento é algo que mudará completamente o entrosamento entre leitor e história. Sim, uma sinopse é sempre necessária, mas entregar o peixe logo de cara e estragar surpresas não é algo que recomendo muito.
Ele via em mim algo que ninguém mais via.
Outra recomendação é não criar altas expectativas com esse livro. Sim, eu adorei a leitura, chorei, a risada rolou solta a cada página, como é de praxe com a escrita da autora, por vezes tão passional e divertida, e em dois terços do livro realmente senti que a autora aprimorou ainda mais sua escrita, mas esse um terço que sobra me colocou em cima do muro quanto a trama. Eu sei que Megan Maxwell pode mais, e ver ela construir todo um cenário, usar o leitor para colocá-lo em uma situação de amor e ódio, para não fechar tudo com chave de ouro é um pouco agridoce.
Aliás, agridoce realmente define meus sentimentos quanto ao romance. Temos aqui uma paixão não correspondida, o que não é assim tão incomum, muito menos entrar para a tal friendzone, mas quando o sentimento, não poucas vezes, é esnobado, e Ana engole um sapo atrás do outro, nem preciso dizer que contei as páginas para ver a mesa virar, aguardando ansiosa um “Vai se foder, Rodrigo!“. A vingança pode até ser um prato para se comer frio, mas é algo doce e eu lambi os dedos enquanto conferia o jogo virar e o menosprezo mudar de dono.
“Sei que você não sente nada por mim, eu sei, mas precisava te dizer.”
“Claro que eu não sinto nada por você! E antes que continue, quero que saiba que as poucas vezes em que transamos, para mim, foi só sexo!”
Tudo bem, não nego que essa é uma história extremamente dramática ou excessivamente doce, mas uma bomba de chocolate por vezes é necessária, e quando se trata dos livros de Megan, para mim, quanto mais, melhor. A autora tem o poder de mexer comigo, ela brinca uma e outra vez até conseguir me sugar completamente para a história, e para ajudar ela ainda sempre busca apresentar um novo cantor/banda, com músicas que me encantam e transportam ainda mais para dentro de sua história. Dessa vez não foi diferente.
Entretanto, ainda que Rodrigo tenha se mostrado alguém capaz de magoar, obtuso, e eu realmente não torça para protagonistas que apanham, figurativamente ou não, e dão a outra face para baterem, principalmente quando antes dessa louca paixão a mulher era alguém que não levava desaforo para casa, Megan Maxwell me fez viver sua história, soltar uma risada atrás da outra e até dar uns pulinhos enquanto aguardava para ver Rodrigo arder no fogo do inferno. E Pela Lente Do Amor foi além do humor, na vida real o amor instantâneo realmente não acontece, não vai dar tudo certo, e as pessoas magoam, então mesmo com a trama chiclete, a decisão de precisar escolher entre esquecer e seguir em frente, ou perdoar e dar uma nova chance, vai muito além das páginas.
Na vida tropeçar é permitido, e levantar é obrigatório.
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