Editora: Intrínseca
Páginas: 320
Classificação: 4.5/5 estrelas
É sempre gratificante, ao menos para mim, ler um livro do Rick Riordan porque: 1º) sempre fui fã de mitologia grega e 2º) Rick é responsável por boa parte do meu interesse por leitura na adolescência. Ainda assim, quem não teme que o autor comece a saturar suas histórias? As Provações de Apolo está aí para mais uma vez mostrar o contrário.
Nessa nova aventura do autor Rick Riordan, após os acontecimentos da série anterior Os Heróis do Olimpo, Zeus se irrita com Apolo e em forma de punição, o deus dos deuses o transforma em um menino mortal com 16 anos de idade e o manda para uma caçamba de lixo em New York. Apolo tem muitos inimigos e alguns amigos no mundo mortal, mas é quando Meg, uma misteriosa semideusa moradora de rua, entra em seu caminho, que o destino da nova condição do outrora imponente e egocêntrico deus Apolo começa a ser desvelado. Para piorar, um misterioso novo vilão que até então esteve atrás das cortinas possui planos que podem comprometer o mundo como os meio-sangues conhecem, e de alguma forma Apolo é uma peça importante nisso tudo. O que espera por Apolo nessa jornada?
Em meus quatro mil seiscentos e doze anos fiz muitas coisas. Castiguei com uma praga os gregos que sitiaram Troia. Abençoei Babe Ruth com três home runs no quarto jogo da Série Mundial de 1926. Despejei minha ira contra Britney Spears no Video Music Awards de 2007.
Mas, em toda a minha vida imortal, eu nunca tinha feito um pouso forçado em uma caçamba de lixo.
Mesmo com elementos quais os leitores já estão familiarizados, como o conceito de grandes jornadas e tudo mais, o autor traz uma nova perspectiva ao colocar como personagem central um deus ao invés daquela fórmula de garoto-descobre-ser-filho-de-um-deus-e-profecia-e-blablabla. Eu gosto muito da fórmula, isso não determina as surpresas que vêm no decorrer das histórias, mas é legal pegar algo diferente.
Apolo, ou Lester Papadopoulos (sua identidade humana), mostra uma transição um tanto interessante de uma um ser totalmente centrado em si, só vendo perfeição em tudo relacionado a ele, para um garoto que pouco a pouco se mostra alguém melhor que se importa com seus companheiros. Isso, é claro, sem descaracterizar o personagem. O gênio mesquinho de Apolo está lá, mas perdendo o ar de insuportável e ganhando uma fofura inerente em sua mania de grandeza.
Depois de tudo que fiz por Percy Jackson, eu esperava alegria com a minha chegada. Boas-vindas lacrimosas, a queima de algumas oferendas e um pequeno festival em minha homenagem não teriam sido inadequados.
Mas o jovem só abriu a porta do apartamento e perguntou:
– Por quê?
A narrativa do Rick é inconfundível. Quem lê sabe! É divertido de um jeito que você se deixa levar. São livros infanto-juvenis, mas que servem para qualquer idade porque não há aquele desenvolvimento bobo que parece subestimar a inteligência do leitor, mesmo o de seu público alvo. O Oráculo Oculto não foge à regra. Me transportou para a época em que li O Ladrão de Raios e encontrei uma nova paixão.
Embora seja indiretamente uma continuação, na minha perspectiva não é necessário ter lido as séries anteriores para entender ou aproveitar essa nova, caso você nunca tenha lido nada dos livros baseados em mitologia greco-romana do autor. Há referências aqui ou ali, mas são spoilers que podem passar batidos. Já quem está com saudades do Percy, o personagem aparece bem pouco, o que me deixou um pouco triste, mas é hora de deixar o deus do Sol brilhar, não é? Gostei da participação de Nico e de outros novos personagens, inclusive Paulo, um semideus brasileiro bem divertido, como não poderia deixar de ser.
Para deixar Jacinto sob a luz do sol, onde era o lugar dele, fiz brotarem flores de seu sangue. Botei a culpa em Zéfiro, mas minha ganância mesquinha provocou a morte de Jacinto. Eu despejei minha dor. Assumi toda a culpa.
Por fim, fiquei um pouco desanimado porque o autor já divulgou que será mais uma série de cinco livros, ou seja: anos até que seja concluída. Eu preferiria que fosse uma trilogia, mas se Riordan planejou assim, resta aceitar. No mais, podem ler sem medo porque é diversão garantida para quem curte uma boa história de aventura.
Curiosidade:
- As Provações de Apolo acontece paralelamente a outra série atual do autor, Magnus Chase e os Deuses de Asgard. Curioso que enquanto uma série se baseia na mitologia grega, a outra tem sua base na mitologia nórdica. Annabeth e Magnus são primos, sendo a ponte principal de ligação entre os dois universos. Como o autor vai trabalhar isso? Estou bem curioso.
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