Autor: Brent Weeks
Editora: Arqueiro
Páginas: 232
Classificação: 4.5/5 estrelas
Caminhos das Sombras conta a saga de Azoth, um órfão que vive em uma realidade de dor e sofrimento nas mãos de garotos mais velhos nas ruas. Quando sua vida e de seus amigos se encontram ainda mais em risco, Azoth resolve buscar o respeito de Durzo Blint, a lenda viva entre os mercenários detentores de magia conhecidos como “Derramadores”, para que possa se tornar seu aprendiz na arte de matar. Para tanto, Azoth tem que deixar para trás quem é e se tornar uma arma viva de matar nas sombras, sendo inaceitável ser descoberto ou cometer falhas. Neste destino sombrio, Azoth, ao se tornar Kylar, vai descobrir que o caminho para sua liberdade pode ser também o caminho para sua perdição.
O livro, de certa forma, foi uma grande surpresa. Quando o vi pela primeira me interessei de imediato, mas em uma má decisão por conta da capa clichê do que se tornou padrão em muitos livros de fantasia (um personagem encapuzado em uma pose de efeito), fui sempre jogando-o como item futuro da minha lista de leitura. Eis que finalmente li e me deparei num processo insano de não conseguir largar o livro onde quer que eu estivesse até conseguir concluí-lo.
A vida é vazia. Quando tiramos uma vida, não estamos tirando nada de valor. Derramadores são matadores. É só isso que fazemos. É só isso que somos. Não há poesia no ofício da amargura.
Brent Weeks traz uma história de ritmo acelerado, os anos passam depressa, mas a cada momento no tempo qual é narrado tem uma importância para o todo da trama. De modo não forçada, o autor foi adicionando elementos para a construção do que Azoth veio a se tornar. Ao ler a sinopse talvez nos passe o sentimento de que o nosso anti-herói é ainda mais solitário do que é, mas em seu caminho aparecem pessoas do passado e presente que muito influenciarão em suas atitudes futuras, o levando às vezes a “pensar” com o coração.
Não há floreio, há mortes. Primeiro de tudo temos que aceitar que os protagonistas são assassinos, ou melhor, Derramadores (eles se sentem extremamente ofendidos pelo termo simplório “assassino”), que unem habilidades físicas e magia com base em muito treinamento e aprimoramento. Azoth, futuro Kylar Stern, tem um fator complicador: potencial imenso para magia, mas lhe falta uma “ponte” natural em seu corpo que seria essencial para o seu domínio. Mais um ponto que será catalisador no caos que se segue na derradeira parte da história.
Quem era Kylar para matar um lenda?
Embora divida opiniões, o sistema de magia é um show a parte. Não vou saber explicar bem, então deixo para vocês a curiosidade quanto à mitologia criada por Weeks em seu primeiro livro, que não deve em nada para autores consagrados. Interessante também como foi categorizado as castas pobres da sociedade. Tem toda uma hierarquia que organiza de forma metódica pessoas às necessidades de quem está no poder.
A narrativa mantém um ritmo frenético do início ao fim, então é empolgação garantida se o leitor se conectar com a história. Frequentemente há reviravoltas que realmente nos surpreende e nos faz surtar. Só me incomodou mesmo a fonte utilizada pela editora. Preferia mais páginas e uma fonte levemente maior e mais espaçada do que o sofrimento que tive com minha visão.
Os personagens são únicos e frequentemente você vai se pegar surpreso por eles serem mais do que pareciam em suas primeiras aparições. Muitos que você provavelmente não daria nada têm o seu momento de contribuir para as surpresas da trama. Fui esperando um protagonista seco e sem profundidade (preconceito bobo), mas encontrei um garoto humano e falho, se preocupando constantemente com os outros quando deveria ser duro com qualquer um e evitar laços afetivos.
Estou ansioso pelos próximos livros da trilogia e conferir o crescimento dos personagens e do autor daqui em diante. Sem dúvida, já é um livro brilhar na leva de novos autores do meio fantástico. Super indicado!
A economia divina. Para alguém viver, outro precisava morrer.
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