Às vezes sinto que o cinema é um lugar sombrio para os fãs de fantasia, com poucos acertos e recheado de erros, e se você pensa que “Deuses do Egito” é uma boa aposta para o gênero, assim como eu pensava, já pode ir tirando o cavalinho da chuva.
Inspirado na famosa rixa entre Horus (Nikolaj Coster-Waldau) e Seth (Gerard Butler), o longa ainda se aprofunda em um terceiro elemento que surge para tentar salvar a humanidade — e sua amada — do caminho sangrento que o deus sombrio deseja trilhar. Bek (Brenton Thwaites) é um mortal audaz que não espera muito dos deuses, mas precisará colocar essa ideia de lado e ajudar Horus se não quiser perder tudo o que preza.
Essa a prévia desse filme que me animou tanto em seus efeitos e potencial, mas pouco supriu em relação a esses pontos. Encontramos aqui personagens já bem moldados em diversos outros filmes: O herói, fraco, que contra as expectativas avança em luta em prol de um bem maior; um segundo herói, poderoso, privilegiado, que perde tudo para então aprender o real valor da vida; e por fim, o vilão, egoísta, ciumento, cheio de desejos e disposto a acabar com o mundo para conseguir o que pretende.
E ainda que meu conhecimento em mitologia egípcia seja o feijão com arroz que aprendi na escola e li em alguns livros — dentre eles mais recentemente o adorável O Despertar do Príncipe, parte da série Deuses do Egito da Collen, e que também se aprofunda na história de Seth –, ele foi suficiente para saber praticamente tudo o que aconteceria no filme, são poucas as surpresas e nem sequer posso falar muito sobre os efeitos porque longas em 3D tendem a exagerar e esconder defeitos nessa área.
Então não, não é nenhum primor da fantasia; não, esse filme não vai revolucionar o cinema ou até ser indicado ao Oscar, porém quem foi que disse que esse era o objetivo dos produtores? Quando leio críticos jogando pedras no filme, me questiono se em algum momento eles esperavam um “Avatar” ou algo do tipo. Toda a produção, desde os atores sem traços egípcios até seu plot, deixam claro que o objetivo é simplesmente o entretenimento, divertir o telespectador, e até quem sabe deixá-los ansiosos com um pouco de aventura e ação, e nesse quesito “Deuses do Egito” mais do que supre as necessidades, ele arrebenta, as risadas na sala de cinema eram frequentes e todos aparentemente adoraram o que pagaram para assistir. Poderia ser melhor? Sim, claro, toda a produção poderia ter ido mais longe, grandes nomes mitológicos como Seth foram representados por atuações fracas e dignas de um simples blockbuster. Pior, o Egito não vive e respira nessa adaptação, e esse foi o grande erro em “Deuses do Egito”.
Eu nao quero nada exceto o que é impossível para mim dar.
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