Na 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo aconteceu algo inédito, um batalhão de autores internacionais, para todos os públicos, foram confirmados e, teoricamente, fez a alegria dos leitores. Entretanto, como previsto, o local não comportou a quantidade de pessoas, entre outros problemas, e fez dessa edição algo para se pensar. Infelizmente uma editora, a Universo dos Livros, fez seu próprio ponto com a venda casada.
Para quem não conhece, a venda casada é quando o fornecedor de produtos, no caso a editora, condiciona que o consumidor só pode adquirir o primeiro se adquirir o segundo e tal ato é proibido no Brasil. Porém, quem chegou ao evento para pegar autógrafos de Sylvia Day e Christina Lauren, por exemplo, encontrou uma surpresa: para conseguir uma senha você era obrigado a comprar no mínimo R$25,00 na estande da editora e, ironia das ironias, os livros de Sylvia Day estavam em torno de R$ 20, então seria necessário a compra de mais de dois exemplares ou adquirir um livro com esse mesmo valor ou mais. E mais, essa autora que possui diversas editoras no Brasil percorreu o Brasil e em todos os cantos era obrigatório possuir um livro publicado pela Universo. É justo? Um leitor de Sylvia Day merece menos por não possuir todos os livros publicados no Brasil ou por só desejar comprar a Crossfire, sua saga de maior sucesso? Se é justo ou não, não cabe a mim dizer, mas a lei brasileira é clara e venda casada é crime. Deixando de lado se vale a pena comunicar o PROCON ou não sobre as atitudes de tal editora, como muitos leitores fizeram, vamos aos fatos.
Cassandra Clare e Kiera Cass trouxeram milhares de leitores para o primeiro final de semana do evento e nem a Seguinte muito menos a Galera Record forçou a venda de livros para conseguir senhas, e se você pensar que é um caso diferente pois, afinal, eles publicaram todos os livros de suas respectivas autoras, vamos aos números: segundo o PublishNews, o grupo Record teve um crescimento de 97% no faturamento, com Cassandra Clare vendendo mais de 3 mil exemplares. Para quem percorreu a estande do Grupo Record, foi possível perceber que o desconto não era assim tão diferente dos preços praticados em lojas virtuais, porém o apelo de estar em um evento e comprar o livro de um autor, mesmo que nem seja possível conhecê-lo, é grande e o editorial junto ao marketing soube trabalhar isso.
A questão é até que ponto é possível ser conivente com atitudes como a venda casada, seja ao divulgar os eventos ou até a não se pronunciar sobre o assunto. Sim, eu divulguei todos os eventos possíveis envolvendo a Bienal, mas em momento nenhum fui informada sobre ser necessário comprar algo antes para que seja possível adquirir um autógrafo, e nisso também me sinto lesada. Editoras são empresas, não se pode deixar isso de lado, mas também como empresa eles deveriam saber um mínimo sobre gestão, onde é melhor fidelizar um cliente do que conseguir que ele compre algo da editora em um único evento. Principalmente quando os clientes somos nós, leitores extremamente consumistas.
Na Planeta você só poderia receber a senha para o autógrafo dos autores se comprasse o livro do mesmo também.
Infelizmente isso aconteceu nos demais eventos organizados pela editora e não apenas durante a bienal, basta olhar a páginas dos eventos, o melhor é que no caso dos eventos na saraiva, a loja diz que é política da editora e a editora diz que é política da loja e ninguém assume o que foi feito. Comprei meu livro para a sessão com as autoras Christina Lauren? Comprei, mas não faria isso novamente, tenho um livro autografado que não sei se é bom ou não. Além disso, pergunta se conferiram se as pessoas estavam com o livro novo na fila, não conferiram, ou seja, poderia muito bem ter ido com os que já tinha que ninguém teria feito nada.
Bem chato isso, eu ia sair daqui do interior de SP pra ir, mas vi muitas complicações pra pegar o autografo, eu desisti.