Editora: Única
Páginas: 256
Classificação: 5/5 estrelas
Tamora Pierce é um nome respeitado no mundo dos livros. Americana e viciada em fantasia, seu primeiro livro, a fantasia juvenil que vos falo, foi publicado na década de 80 e desde então ela é sucesso absoluto. Tudo parece perfeito… até você perceber que ela nunca foi aproveitada no Brasil.
A história de Alanna começa com seu anseio de tornar-se uma guerreira, algo que vai contra o que seu ausente pai deseja à ela. Para ele, seu irmão gêmeo, Thom, deve percorrer esse caminho enquanto ela aprende diferentes artes em um convento, e isso é completamente o oposto do que ambos os irmãos desejam, e juntos eles decidem mudar isso. Por quanto tempo for possível, Alanna será Alan e viverá para tornar-se um guerreiro enquanto seu irmão segue para o convento disposto a aprender feitiçaria.
Você precisa aceitar quem é, você pode ser mulher e ainda ser uma guerreira.
Entretanto, apesar de Alanna detestar magia, não se pode mudar quem realmente é, e a garota não pode correr do que os deuses prepararam para ela. Se quer sobreviver, Alanna precisará aceitar todas as partes de si e perceber que há pessoas no mundo dispostas a amar quem ela realmente é — e pessoas dispostas a matar para que ela não se torne o que nasceu para ser.
Esse livro é o primeiro de uma série de quatro, Song of the Lioness, porém faz parte de algo maior pois a autora continua a escrever sobre o reino de Tortall até hoje — e vendendo milhares de cópias porque o que é bom NÃO CANSA!
O que me encanta em seus livros é a sabedoria da autora em se aproveitar deles para falar sobre o feminismo. Alanna é uma garota poderosa, repleta de defeitos e qualidades como toda pessoa, mas sua maior batalha está em sua busca por decidir por si mesma, em mostrar que ela pode lutar como qualquer outro garoto e ela vai cair, vai apanhar, mas vai levantar para tentar novamente. Isso, e outras várias particularidades da história, mostraram o potencial desse novo mundo, com personagens para você levar para a vida toda, reler e indicar pois Alanna é capaz de encantar jovens e adultos.
É claro que há muito mais para gostar e as possibilidades são inúmeras com tantos personagens. Thom pode ser tanto um grande parceiro no futuro como um grande inimigo, primeiro amor, traições; a autora instiga o leitor a acreditar que muito está por vir e eu sei que será algo grande, ninguém chega onde Tamora está sem escrever bem, não é uma fama momentânea mas uma escritora que escreve há trinta anos e seu número de leitores só aumenta.
A leitura é deliciosa, o porém é realmente não durar muito, o livro é curto e não satisfez minha vontade por mais, até porque a autora explora levemente grande parte da essência de sua história. O plot gira realmente em torno das dificuldades de Alanna em tornar-se uma guerreira em um mundo comandado por homens (alguma similaridade com nossa realidade não é mera coincidência), seus preconceitos com a magia e o grande dom que possui — e há todo um mistério envolve essa habilidade.
Apesar dessa fissura na história, A Canção de Alanna: A Primeira Grande Aventura é tudo o que eu esperava e mais um pouco. A personagem é sagaz, falha, mas disposta a aprender, o que não ocorre em um passe de mágica; ela sabe que o caminho escolhido é difícil e está disposta a percorre-lo, a lutar pelo que deseja mesmo que isso vá contra tudo o que esperam dela, e toda a trama é moldada para ganhar vários públicos. Então não importa se você gosta levemente de fantasia ou ame de paixão, se você está disposto a abrir sua mente para o leque de opções que essa série está disposta a ser e perceber que algo grande sempre precisa começar com algo, vá em frente com a história de Alanna, você pode não se apaixonar com o primeiro, mas definitivamente se apaixonará em algum momento.
Você já pensou que talvez a gente goste de você porque é diferente?
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