Editora: Arqueiro
Páginas: 400
Classificação: 4/5 estrelas
Os três conta a história de um evento conhecido como Quinta Feira Negra, nele quatro aviões caem em quatro diferentes localidades ao redor do mundo e quase ao mesmo tempo, provocando assim várias mortes, sendo que os únicos sobreviventes foram quatro pessoas, até que Pamela May Donald morre deixando uma mensagem enigmática e assim sobram três crianças que saíram aparentemente ilesas, porém passam por uma série de mudanças em seu comportamento.
Sabe quando as pessoas falam que você deve ter suas expectativas baixas quando vai ler algum livro? Então, infelizmente eu nunca faço isso, algo que pode ser bom ou catastrófico em certos casos, porém aqui só foi diferente. Antes de começar a resenha, devo afirmar que foi meio sinistro ler isso enquanto acontece acidentes aéreos fora do livro também, porque dá uma sensação estranha de que pode ocorrer.
Devo dizer que tenho sentimentos ambíguos com esse livro, primeiro gosto muito dele no aspecto thriller político, porém na parte de terror acabou sendo uma decepção. Esperem, que vou explicar o motivo, primeiro eu gostei de como a autora aborda o tema do pânico que se instalou em cada país depois da queda, demostrando como as pessoas podem usar desses eventos para se promoveram, não importando com as consequências de suas ideias e como elas podem afetar a outro, sendo isso foi brilhantemente construído pela autora e culminou em algo realmente assustador no final do livro.
Outra coisa que eu amei foi a decisão da autora de esse ser basicamente um livro dentro de outro livro, pois a Sarah criou uma autora fictícia, a Elspeth Martins, que está escrevendo um livro chamado Da queda à conspiração, que é um coletânea sobre tudo aquilo que se sabe sobre a Quinta Feira Negra, assim é por meio de todas as informações coletadas por ela, como entrevistas, relatos, cartas e gravações, que nós vamos descobrindo mais sobre Os três e como a sobrevivência deles afetou o mundo que conhecemos. Além disso, achei interessante a forma como ela usou máximo de referências de situações que ocorreram no período de tempo em que o livro se situa para dar embasamento a sua história, além disso ela trazer para o texto lendas africanas e japonesas é incomum, porém bem-vindo e só me fez amar mais o enredo da autora.
Os personagens foram interessantes, porém não dá para se apegar muito deles, pois na maioria das vezes eles servem mais para fazer a trama progredir e assim não temos um grande desenvolvimento das suas personalidade, algo que que eu não gostei muito, porque foi difícil torcer ou se importar com os eles em certas situações que ocorreram. No entanto, achei que a mudança de comportamento que a autora fez com alguns dos narradores no final foi surpreende bom, porque evidenciou o fato que a narrativa em si não é confiável.
Além disso, houve algumas coisas que mais me incomodara, pois o livro propõe, pelo menos em sua sinopse, que essa é uma obra sobre Os Três e o que mudou neles depois desses acontecimentos, sendo que isso pode ou não ser origem sobrenatural. Assim, é uma decepção ver as passagens que abordam esse tema não serem o foco da trama ou maiores, sendo isso algo que acredito ser uma falha da autora, pois ela possuía um grande potencial em mãos para escrever um romance que flertasse com o sobrenatural. Ademais, o final foi meio vago e me deixou com mais perguntas do que respostas, algo que é imperdoável para um livro que não possui continuação.
Desse modo, eu devo dizer que gostei muito do livro em si, mesmo que ele acabou me decepcionando um pouco por fugir daquilo que foi proposto na sinopse. Assim, não dá para deixar de destacar que para quem pretende ler esse livro que essa é mais uma obra política com uma crítica ao fanatismo do que essencialmente um livro de horror.
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