[RESENHA JANGADA] “Atormentada” – Jeannine Garsee

Você consegue distinguir o ‘real’ do ‘não-real’? O que é ‘verdade’ e o que ‘não é verdade’? Corinne “Rinn” Jacobs, 16 anos, conseguia fazer a diferença depois que começou a tomar seus remédios para controlar a sua doença, mas para resolver o enigma que ronda a escola em que estuda, ela deve parar de tomá-los.

Atormentada, de Jeannine Garsee, é um livro que só aqueles que gostam do estilo suspense/terror vão conseguir ler. Eu, como uma boa fã, adorei. Garsee nos traz Rinn, uma menina que foi diagnosticada com bipolaridade aos 14 anos. Mas será que uma menina dessa idade realmente entende o quanto essa doença é séria? Que deve SEMPRE, por mais que aparente uma melhora, tomar seus remédios? Rinn é uma adolescente rebelde e por causa dessa rebeldia, causa uma acontecimento terrível na vida de seus pais (e na dela também).

Mãe e filha deixam a Califonia para morarem numa cidadezinha em que a mãe nasceu, River Hills. Apesar dos problemas que enfrenta – bipolaridade, pais se divorciando, culpa, passado trágico, nova cidade e colégio –, Rinn precisa encarar uma casa “nova” que é velha, onde foi cometido um suicídio, e uma escola que possui um túnel (onde os alunos são obrigados a passar) onde dizem ser amaldiçoado por Annaliese Gibbons e que lá acontecem coisas que não possuem explicações, coisas estranhas. Rinn fica obcecada para resolver esse mistério.

Eu posso esconder minha culpa assim como escondo o meu passado. As pessoas não podem ler os meus pensamentos. Ninguém nesta cidade conhece as minhas lembranças.

Além da questão um tanto diferente que estamos acostumados a ler – a bipolaridade—, Jeannine Garsee nos traz também assuntos normais da adolescência, como: gravidez, primeiro amor, bailes e prioridades. Tasha, Meg, Dino, Cecília, Lacy, e claro, Nate, são os novos amigos de Rinn, que completam a vida dela tanto de uma maneira positiva quanto negativa. Mas devemos dar ênfase em Nate, pois será ele que estará lá sempre para ajudá-la, ampará-la e claro, aconselhá-la. (Sim, ele é o namorado de Rinn. Um romance muito lindo e fofo, por sinal.)

Com toda a intenção de ser exagerado, ele desenha um grande coração vermelho e escreve dentro: “Sare logo! Amo você. Nate.”

Atormentada me deixou numa agonia tensa. Morte, fantasmas, delírios, possessões, luta, isso é o que você vai encontrar nesse livro. A autora detalhou cada uma dessas coisas de uma maneira tão… real, digamos assim… que você não consegue largar o livro, por mais que você queira. A escrita dela é tão precisa, que terá partes onde nem você saberá o que é real e o não é, assim como Rinn. E devo dizer: Rinn é uma guerreira. Ela vai crescendo ao decorrer do livro de uma maneira que nos faz refletir sobre a nossa vida, sobre coisas que nós, pessoas “normais” fazemos. Sei que esta parte você não vai entender, mas se você ler, saberá o que quero dizer.

O que Rinn fez para separar a família? Por que ela sente tanta culpa? Por que a antiga moradora da sua casa se suicidou? Por que Annaelise faz as coisas que faz? E a pergunta mais importante: Por que Annaelise só atacou seus amigos? Rinn quer desvendar esse mistério, mas para isso, precisará olha para o passado, para a época em que sua mãe era uma estudante de River Hill, e também precisará abrir mão de uma coisa muito importante para ela: sua sanidade.

Se você gosta desse estilo de livro, então digo: LEIA. O final desse livro vai deixar você com um “gostinho de quero mais”. Ah, já ia esquecendo: sei que eu não deveria dizer isso, mas… daria um ótimo filme. Claro, se escolhessem direito o diretor e o roteirista.

Ela está certa: a culpa é minha, embora ela nunca vá dizer isso na minha cara. Está com muito medo de que eu vá cortar a garganta novamente e sujar todo o banheiro dela de sangue.