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[RESENHA RECORD] “O Projeto Rosie” – Graeme Simsion


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Autor:  Graeme Simsion
Editora: Record
Páginas:
 320
Classificação:
 3.5/5 estrelas

Dude-lit é um gênero literário que ainda não tomou conta do mercado editorial brasileiro, então, para quem não conhece, ele engloba livros normalmente narrados por homens, com uma trama leve, envolvendo autoconhecimento, basicamente algo como um chick-lit, só que para homens. Eu, particularmente, acredito que esse gênero vai além disso, assim como acredito que literatura para mulheres vai além do chick-lit, mas isso é algo para se comentar em um outro artigo, bem mais extenso que essa resenha. Por fim, onde eu quero chegar ao mencionar esse gênero é que O Projeto Rosie, além de alguns outros lançamentos dos últimos meses — as novas edições dos livros de Nick Hornby, por exemplo-, encaixa-se perfeitamente no gênero.

Se ela não o quiser como você é, então não é a pessoa certa para você.

O livro é narrado por Donald “Don” Tillman, quase que um Sheldon da literatura, só que mais em forma e mais bonito. Professor de genética, ele tem um novo projeto em mente: se todos nós temos um par perfeito em algum lugar do mundo, através de um complexo questionário ele vai encontrar a mulher ideal para ele. Começa assim o Projeto Esposa.

Nessa busca, seu melhor amigo envia para ele Rosie, uma mulher de quase trinta anos que com certeza não se encaixa no modelo de Don, mas que tem na bagagem seu próprio projeto: ela quer descobrir quem é seu pai, e ninguém melhor do que um professor de genética para ajudá-la.Enquanto ambos embarcam nessa jornada, Don e Rosie se aproximam e começam a descobrir que a perfeição é algo subjetivo e a resposta talvez só apareça quando as perguntas corretas sejam feitas.

Quando comecei a ler esse livro, a sensação é de que a qualquer momento apareceria a palavra bazzinga em negrito com fonte cor vermelha tamanho 20 bem no meio da página. Don pode até não ser Sheldon, da série de tevê Big Bang Theory, mas se aproxima muito e facilmente pode ser confundido como irmão. Tudo na vida desse cara é controlado, desde os segundos do seu dia até as refeições, que são quase sempre as mesmas para que ele não perca seu tempo pensando muito em como elaborar seu almoço ou jantar. O que é bem interessante nele, inicialmente, é seus músculos, claro, entretanto, conforme as páginas passam, encontramos um homem especial, bem humorado, e, quem diria, apaixonante.

Rosie apareceu em sua vida para quebrar paradigmas. Apesar de ser uma garçonete, seu coeficiente intelectual (QI) é alto, ela é bastante boca suja, linda e sexy. O que é pior, ela também é praticamente uma vegetariana e fuma, duas características que automaticamente a excluem do Projeto Esposa de Don. Então como uma mulher tão fora dos padrões pode se  encaixar tão bem com Don? Mesmo adorando o romance, isso é algo que eu ainda me pergunto.

Sem grandes emoções (sim, o livro é ótimo, mas não me levou às nuvens), o romance abordou a tão discutida fórmula de se adaptar a sociedade, a alguém, para que seja possível uma relação, e é mais do que óbvio que algo se perde enquanto isso (que eu gosto carinhosamente de chamar de sacrifício) acontece.

Se você realmente ama uma pessoa, deve estar preparado para aceitá-la como ela é. Você pode até esperar que um dia ela acorde e faça aquelas mudanças, mas pelos próprios motivos dela.

A escrita de Graeme Simsion cumpre com o prometido, é leve e divertida, os trechos envolvendo o Kama Sutra e suas posições são impagáveis e fazem desse livro o Blockbuster perfeito, e os direitos de adaptação terem sido comprados já era algo esperado — ser geek está na moda!

Mas, apesar de tudo, O Projeto Rosie não surpreende. Sim, os personagens foram bem trabalhados e é fácil se apegar a eles, e mesmo que o livro seja um tanto extenso para tão pouca história, o mais importante é que, no final, nenhuma ponta ficou solta. Eu diria que é ideal para uma tarde de domingo e você provavelmente vai terminar o livro no mesmo dia porque não dá para não ficar curioso com a próxima peripécia de nosso protagonista. Tudo bem, não é inesquecível, mas também não deixa de ser de qualidade e um livro gostoso para se ter na estante e reler nas horas tristes da vida.

Percebi que não havia desenvolvido aquele questionário para encontrar uma mulher que eu pudesse aceitar, mas sim para encontrar alguém capaz de me aceitar.


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Gabrielle

"Guerra é Paz. Liberdade é Escravidão: Ignorância é Força"

Primeiros comentários

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  1. Eu li esse livro e nas primeiras 50 paginas quase desisti de ler. Mas, quando o Dom conhece a Rosie tudo muda. O Dom e um fofo, meio louco e fica muito divertido. Vale a pena ler.